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Entre a faca e o fuzil



Quem eles protegem que eu não estou vendo?
Quem eles policiam eu já fiquei sabendo,
Senti na pele e to com o olho ardendo
O que eu fiz pra ser suspeito?
Será que trago comigo um alvo no peito?
Acuado pra não sair da linha
O banco a guia a rua não é minha
Um olho pra cada lado
Estou sendo policiado
 Com cassetetes e armas na mão
A cada passo meu, prestam atenção
Pra quem eu ofereço perigo?
Sou o skatista andando com amigo
A dona de casa passeando com marido
O comerciante e seu produto vendido
Sou o Desempregado e seu ego ferido
O que está acontecendo?
Quem eles protege que eu não estou vendo?
Aos montes estão espalhados
Entre balas perdidas e corpos achados

São escudos de quem?
Me xingam me batem e eu digo amém?
A situação está invertida, será ninguém percebeu?
Quem ta com medo agora sou eu
Não era pra eu ser o protegido?
Pra eu não ficar ferido?
Seguem policiando...
Policiando...
A ladeira vão descendo e a mãe o filho vai chamando
 as portas e janelas vão se fechando
E as pessoas quase se curvando
Pra passagem lenta e silenciosa
Do escudo armado
Cego Que não vê quem fez
 Mudo que não diz o que viu
E surdo que não ouve os gritos das mães desesperadas
Pedindo pra salvar o filho antes que suas coisas sejam queimadas
Não ouvem o grito das moças violentamente estupradas e mortas a facadas.
E não é querendo generalizar,
Mas se nem todos são assim, onde é que os outros fora parar?
Nas esquinas da paulista dando informação?
Nas delegacias em bairros nobres onde mal tem população?
A sete palmos dentro do caixão?
Ou foram engolidos pelo sistema do mundo cão?
Não conheço um negro que nunca tenha sido suspeito,
Cuspido apanhado e sofrido tudo que é falta de respeito.
Num simples procedimento de rotina
Quando é que vai cair essa cortina
E no palco vai estar bem claro quem puxa a coleira dos cães adestrados
Quem paga pros acertos serem acertados
Quem compra liberdade de ilustres condenados
Quem é que realente merece estar entre grades e cadeados?
Eu sempre soube que mocinhos não existem
Só não sabia que as vitimas simplesmente assistem
Sua liberdade ser tomada
Sua jugular ser cortada
pela navalha cega da cega justiça!
Que pacifica onde não há guerra
Que desapropria o verdadeiro dono da terra.
E o mais foda de aceitar é que não sei contra quem lutar
Se nessa guerra os dois lados são o mesmo:
Quem desesperadamente joga pedra, pau e praga
E quem do outro lado mascarado
Massacra o encurralado pensando que é dono da situação
Mas na verdade não passa de um pobre cão
Velho e sem dente controlado pelo poderoso leão!

Zine?