Guarani Kaiowá

Mais sangue do nosso sangue desperdiçado,
Jogado no ralo.
500 anos de idade
Da nossa podre privada sociedade
Humanos, Homens, mulheres, crianças sem nacionalidade
Quem vai dizer que são brasileiros?
Se nessas terras chegaram primeiro?
Antes de se pensar em “achar”
Brasil, ilha de vera cruz ou como quiser chamar.
Nesta mistura de raças mil
povos milenares subjulgados
acham melhor e menos vil
a morte a serem obrigados
a conviver com outras raças que se julgam superiores
só porque reconhecem em brilhantes objetos valores
e desapropriam
aqueles que aqui já viviam
antes de chegarem os safados que descobriram as terras que não estavam cobertas
desbravaram com braveza
deixando a raça indígena indefesa
Todos andavam nus, mostrando sua vergonhas do jeito que o diabo gosta
Mas que diabo? Se isso também é invenção nossa?
vestiram roupas mas as vergonhas continuaram a mostra
De amostra em amostra grátis do poder devastador
Desse humano matador
Gigante pela própria natureza
Matando seu próprio povo destruindo nossa riqueza
Cultural, ancestral de antes da era medieval
Genocídio patriotal
É esse o humano que se enaltece por usar seu cérebro e seu polegar opositor
Mas só vejo trazer com isso sofrimento e mais dor
Mais morte
Pra aqueles que não tiveram a sorte
De arrotar caviar
E de poder explorar
A toda criatura criada por deus
Esquece que esses também são irmãos teus
É isso que nos distingue dos outros animais?
Tratarmos os nossos como mera oportunidades de lucros e capitais?
Seja negro, indígena, viciado em crack O Gigante mata!
Seja pobre favelado de barraco queimado, O Gigante mata!
Seja nas cadeias com janelas nas meias, O Gigante mata!
O Gigante caça e mata
E nem as matas e os povos que vivem nelas
Estão fora do alcance da mira da arma de fogo que está apontada pra cara de todas elas
Um pretexto se arruma
O ponteiro do relógio da vida se apruma
A roda da fortuna gigante do Gigante gira
Na mira!
Preparar, apontar...
Pai nosso onde estás?
Exaltado seja o nosso povo
Em cima da terra, não embaixo dela.