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Agora é oficial - Ministério dos Povos Originarios e seus desafios

 


Em cerimônia recheada de simbolismos, Anielle Franco e Sonia Guajajara tomam posse.

Na tarde desta quarta-feira (11), Sonia Guajajara passou pelo cerimonial de posse no Palácio do Planalto em uma celebração que reuniu, além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), a ex-presidenta Dilma Rousseff e o líder e xamã do povo indígena Yanomami Davi Kopenawa. 

Na plateia, representantes de dezenas de etnias comemoraram fazendo ecoar suas maracas – instrumentos musicais símbolo da luta dos povos originários. 

A deputada federal Célia Xakriabá (Psol-MG) fez a apresentação da nova ministra, ressaltando a trajetória dela como liderança indígena e a importância histórica da criação de um espaço institucional para as políticas voltadas à conservação dos biomas brasileiros e suas populações originárias

Em seu discurso, Sonia Guajajara enfatizou o protagonismo dos povos indígenas e desafios importantes contemporâneos do novo ministério em importantes agendas ambientais, como o enfrentamento ao aquecimento global e a justiça climática. 

“A invisibilidade secular que impacta e impactou diretamente as políticas públicas do Estado é fruto do racismo, da desigualdade e de uma democracia de baixa representatividade, que provocou uma intensa invisibilidade institucional, política e social, nos colocando na triste paisagem das sub-representações e subnotificações sociais do país. São séculos de violências e violações e não é mais tolerável aceitar políticas públicas inadequadas aos corpos, às cosmologias e às compreensões indígenas sobre o uso da terra”, enfatizou a ministra.

Desde a campanha eleitoral, Sonia Guajajara utilizou a visibilidade alcançada por sua posição de liderança política, seu ativismo e seu reconhecimento internacional – ela foi escolhida como uma das cem pessoas mais influentes do mundo em 2022 pela revista Time – para legitimar o conhecimento indígena na construção de uma política ambiental no Brasil.

Problemas estruturais

 
O ataque aos biomas, como o garimpo ilegal – com destaque para a crise ambiental e humanitária resultante da preseça de mais de vinte mil garimpeiros na Terra Indígena Yanomami –, o uso indiscriminado de agrotóxicos, o avanço ilegal de monoculturas e a grilagem de terras são, segundo apontou Sônia Guajajara, problemas estruturais potencializados nos últimos quatro anos que precisam encontrar solução para que o país vivencie o equilíbrio ecológico e social. 
 
Dirigindo-se ao presidente Lula, Sonia Guajajara agradeceu pela confiança e ineditismo da Pasta e, na sequência, ligou a posse à luta que os povos indígenas e os pretos travam há séculos, bem como aos atentados do último domingo contra o Estado Democrático de Direito no país. "Presidente Lula, eu o parabenizo pela coragem e ousadia de reconhecer a força e o papel dos povos indígenas neste momento em que é tão importante o reconhecimento deste protagonismo dos povos indígenas frente à preservação do meio ambiente e da justiça climática ao criar esse Ministério inédito na história do Brasil", declarou a ministra.
 
“Gente! Nós não somos os únicos que necessitam aqui viver. Nós apenas coabitamos a mãe Terra junto com milhões de outras espécies. O desprezo por essas outras formas de vida, as práticas de desmatamento intenso feitas sempre em nome da economia de curto prazo, têm efeitos devastadores para o futuro de todos nós. As alterações no uso do solo provocam um grande desequilíbrio em nosso ecossistema, que impactam diversas espécies causando profundas transformações, inclusive, as grandes epidemias” alertou.
 

Sobre Sonia Guajajara

A ministra dos Povos Indígenas é do povo Guajajara/Tentehar, que habita nas matas da Terra Indígena Arariboia, no Maranhão. Internacionalmente reconhecida por sua luta em defesa dos direitos dos povos indígenas, seus territórios e por sua luta pelas causas socioambientais, Sonia fez parte da Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (Coapima), da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e atuou como coordenadora executiva da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil).

Também integrou o GT dos Povos Originários e foi parte fundamental na construção do relatório que mapeou as principais demandas e prioridades para os povos indígenas, como a demarcação de terras – completamente paralisada desde que Bolsonaro assumiu a presidência. Ela é conselheira da Iniciativa Inter-Religiosa pelas Florestas Tropicais – Conselho vinculado à ONU, e participa, desde 2009, das discussões climáticas desde seu território até as Conferências Mundiais do Clima (COP). Há anos, ela leva denúncias ao Parlamento Europeu, entre outros órgãos e instâncias internacionais.
 
     
Via: Site O Eco e Gov.br
 
 
 

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